Servidora de delegacia em BH é presa por supostamente desviar armas de fogo

Um desvio de aproximadamente 220 armas de fogo foi identificado na 1ª Delegacia do Barreiro, em Belo Horizonte, revelando graves vulnerabilidades no sistema de custódia de armamentos da Polícia Civil mineira. A investigação, conduzida pela própria instituição, apontou a autoria do esquema: a servidora Vanessa de Lima Figueiredo, que atuava no setor de armazenamento, teria subtraído as peças ao longo de vários meses. As suspeitas recaíram sobre ela após a constatação de aquisições incompatíveis com seus rendimentos, incluindo dois veículos de luxo e a realização de diversos procedimentos estéticos. Diante das evidências, Vanessa foi presa em flagrante no domingo (9).

As investigações supostamente indicam que o desvio atendia a um mercado ilegal específico. Há fortes indícios de que as armas furtadas eram comercializadas com integrantes de facções criminosas que atuam na região metropolitana de Belo Horizonte. A venda de armamentos de origem policial representa um risco significativo à segurança pública, uma vez que esses itens passam a compor o arsenal de organizações criminosas, potencializando sua capacidade ofensiva e dificultando o rastreamento pelas autoridades.

Quanto aos modelos apreendidos, a Polícia Civil optou por não divulgar especificações detalhadas, limitando-se a informar que se tratava predominantemente de armas de baixo calibre, muitas delas consideradas obsoletas para o uso operacional padrão. Esse perfil de armamento, embora menos letal, é altamente valorizado no crime organizado devido à facilidade de transporte, ocultação e manejo, sendo frequentemente utilizado em crimes de menor poderio, mas de alta incidência, como ameaças e roubos.

O caso evidencia uma falha crítica nos protocolos de segurança e auditoria internas da Polícia Civil, levantando questionamentos sobre a eficácia dos controles de armamento em outras delegacias do estado. A prisão da servidora é apenas a primeira etapa de uma apuração que deve se expandir para apurar a existência de outros envolvidos, tanto dentro quanto fora da instituição, bem como para corrigir as brechas que permitiram a subtração sistemática de um volume tão expressivo de armas.

Por: João Bosco

Foto: Ilustrativa