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Muro da Discórdia: Justiça e Moradores em Conflito por Caminho Bloqueado em Camanducaia

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Quando afirmam que Minas Gerais é um estado de singularidades, com um povo igualmente único, essa história concreta que se desenrola em Camanducaia não deixa margem para dúvidas. No bairro Paiol Grande de Baixo, localizado no Sul do estado, um grupo de moradores se viu literalmente ilhado após a construção de um muro que corta a estrada de acesso. A situação, que já é fruto de uma disputa judicial que se arrasta por anos, atingiu seu ápice quando uma proprietária, amparada por uma nova decisão, bloqueou a via e isolou a comunidade da zona urbana, impedindo o tráfego de veículos e pessoas.

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O impasse judicial é o cerne do problema. Inicialmente, a Justiça havia determinado expressamente que a estrada deveria permanecer liberada, sem qualquer tipo de bloqueio. No entanto, uma reviravolta no caso ocorreu quando uma juíza substituta reconsiderou a decisão anterior, autorizando o fechamento do caminho. Aproveitando-se rapidamente da nova determinação, a proprietária ergueu o muro, causando um grande transtorno e um verdadeiro reboliço na cidade, que ganhou destaque em diversos veículos de comunicação devido ao caráter inédito da situação.

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Diante do bloqueio, a comunidade não permaneceu inerte. Vários boletins de ocorrência foram registrados na polícia, na tentativa de reverter a situação. Contudo, a Justiça orientou que o caso deve ser resolvido no âmbito do processo original, que data de 2018. A defesa dos moradores já recorreu da decisão que permitiu o muro, como explica o advogado Eduardo Henrique Amaral: "O processo está na mesa do desembargador, aguardando análise sobre nossos pedidos. Mas, dada a urgência da situação, com famílias ilhadas e crianças impossibilitadas de ir à escola, precisamos de uma solução rápida", afirmou.

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As consequências humanas do bloqueio são graves e imediatas. No total, quinze famílias são diretamente afetadas pela impossibilidade de transitar livremente. Entre os ilhados, encontram-se pessoas idosas que estão sem receber os cuidados adequados e animais de criação que já enfrentam a falta de ração para se alimentar. O morador Francinaldo compartilhou seu desabafo, que ecoa o sentimento de abandono da comunidade: "Vim para cá em busca de descanso, é um lugar maravilhoso, mas infelizmente estamos passando por essa situação difícil. Eu peço socorro às autoridades".

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O caso transcende a simples disputa por um caminho, transformando-se em um emblemático conflito entre direitos de propriedade e direitos de ir e vir. Enquanto a batalha legal segue seu curso, as famílias do Paiol Grande de Baixo enfrentam o isolamento, tornando-se um símbolo dos intricados desafios que podem surgir no seio de comunidades tradicionais. A esperança é que o desembargador responsável analise a urgência do caso e restabeleça o acesso, devolvendo a normalidade à vida daqueles que se veem cercados não apenas por um muro de tijolos, mas por uma complexa decisão judicial.

Por: João Bosco

Foto: Joana Versailles

 
 
 

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