DEPOIMENTO DE CARLOS LUPI NÃO CONVENCE PARLAMENTARES - QUAL O MOTIVO DA OMISSÃO?
- jbcomunicacoes100
- 9 de set.
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Em depoimento à CPMI, Carlos Lupi afirmou que faltou ação do governo federal em relação às fraudes no INSS e que só compreendeu a real dimensão do problema após a investigação da Polícia Federal. Declarou ainda que acompanhava possíveis irregularidades nos descontos de aposentados e pensionistas desde 2023, com base em denúncias que chegavam ao ministério. Lupi é um dos principais alvos da comissão por ter comandado o Ministério da Previdência entre 2023 e 2025, período em que a Polícia Federal deflagrou todo o esquema. Foi em sua gestão, entre 2023 e 2024, que os descontos irregulares triplicaram.
O governo demonstrou apreensão quanto ao depoimento de Lupi, assim como em relação a outros membros do primeiro escalão que ainda irão depor. As declarações do ex-ministro, no entanto, levantam questões gravíssimas: se ele tinha conhecimento dos fatos desde 2023, época em que os descontos triplicaram sob sua gestão, por que não agiu para cortar o mal pela raiz? Mesmo que a dimensão inicial não fosse a que se revelou posteriormente, por que não tomou providências imediatas para identificar e punir os responsáveis? Por que optou por não colocar a público tudo o que já sabia?
A alegação de que só compreendeu a gravidade das fraudes após a ação da PF é, no mínimo, uma admissão de incompetência grave. Um ministro de Estado não pode se eximir de sua responsabilidade máxima, que é a de governar e fiscalizar a pasta que comanda. A função do ministério é justamente ser o primeiro a detectar e combater irregularidades, e não depender de operações policiais para tomar ciência de problemas que ocorriam dentro de sua própria casa. Essa postura revela uma gestão ausente e desconectada da realidade sob sua responsabilidade.
A omissão de Lupi, seja por negligência ou por conivência, teve um custo humano imensurável. Enquanto ele se limitava a "acompanhar" as denúncias, milhares de aposentados e pensionistas, cidadãos em situação de vulnerabilidade, tiveram seus parcos rendimentos ilegalmente sugados por um esquema criminoso. Cada dia de inação significou mais fome, mais dívidas e mais desespero para essas famílias. A gestão pública exige pró-atividade e rigor, virtudes que brilharam pela ausência no comando da Previdência, transformando-o em um mero espectador de um crime em andamento.
A justificativa esboçada por Lupi soa como uma tentativa desesperada de transferir a responsabilidade para uma suposta falha genérica "do governo", isentando-se pessoalmente. No entanto, a estrutura de comando é clara: como ministro, ele era o principal e often único responsável pela pasta. A falta de ação do governo começa, inevitavelmente, com a falta de ação do ministro. Sua narrativa tenta diluir sua culpa individual em um mar de responsabilidades coletivas, uma estratégia que não se sustenta perante o princípio da autoridade e do comando único de um ministério.
O caso expõe uma falha catastrófica de governança e controle interno no ministério que Lupi liderava. A triplicação dos descontos irregulares não é um detalhe, mas um indicador alarmante de que os mecanismos de auditoria e fiscalização estavam rompidos ou eram totalmente ineficazes. Um administrador competente teria soado todos os alarmes ao perceber uma anomalia dessa magnitude. A omissão em agir perante dados tão concretos sugere, na melhor das hipóteses, uma incapacidade administrativa incompatível com o cargo que ocupava, e na pior, uma suspeita que a CPMI tem o dever de apurar.
Por: João Bosco
Foto: Wikipedia
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