CÂMARA DE TRÊS CORAÇÕES APROVA VENDA DO ESTÁDIO REI PELÉ E DO MERCADO MUNICIPAL

A Câmara Municipal de Três Corações aprovou, na sessão desta segunda-feira (22), a proposta de desativação e alienação de imóveis públicos municipais. A decisão, tomada por sete votos a favor e quatro contra, inclui em sua lista bens significativos como o Estádio Rei Pelé e o Mercado Municipal, autorizando a sua futura venda. Durante a discussão, chegou a ser apresentada uma emenda para excluir o estádio, batizado em homenagem ao filho mais ilustre da cidade, do processo de privatização. No entanto, após debate, a emenda foi rejeitada pela maioria dos vereadores, mantendo-o no rol de bens a serem alienados.

Segundo a avaliação apresentada pela Prefeitura, o Estádio Rei Pelé está orçado em aproximadamente R$ 17 milhões. O Executivo municipal justificou a medida alegando que o imóvel, atualmente, se encontra em condições precárias de conservação e infraestrutura. A administração argumenta que os custos para uma reforma adequada e sua manutenção permanente tornam-se financeiramente inviáveis para os cofres públicos, especialmente diante de outras prioridades de investimento social e urbano. Dessa forma, a venda aparece como uma solução para desobstruir recursos e retirar do poder público um passivo de alto custo.

A decisão gera um intenso debate na comunidade, dividindo opiniões entre a racionalidade econômico-administrativa e o valor simbólico dos espaços. De um lado, defensores da medida enfatizam a necessidade de modernização da gestão pública, transformando patrimônios ociosos ou deficitários em capital de investimento para novas obras e serviços. De outro, críticos lamentam a perda da memória coletiva e do potencial de uso público desses locais, questionando se a venda é a única alternativa e sugerindo a busca por parcerias ou modelos de gestão compartilhada que preservem o acesso da população.

O caso reflete um dilema comum a muitas administrações municipais: como equilibrar as contas públicas sem abrir mão do patrimônio histórico e afetivo da cidade. O desfecho deste processo dependerá agora dos trâmites legais para a efetiva alienação dos bens e das possíveis reações da sociedade civil organizada. O estádio que leva o nome de Pelé, símbolo máximo do futebol mundial, torna-se, assim, o centro de uma discussão que vai além do campo esportivo, atingindo questões fundamentais sobre planejamento urbano, patrimônio público e a própria identidade cultural de Três Corações.

Por: João Bosco

Foto: Terra do Mandu