"APÓS TRAGÉDIA, AGORA É RECOMEÇAR DO ZERO ENTRE ESCOMBROS", DIZEM MORADORES DE RIO BONITO DO IGUAÇU/PR

Rio Bonito do Iguaçu, no Paraná, enfrenta um cenário de devastação sem precedentes após a passagem do maior tornado já registrado na história do Brasil na última sexta-feira (7). O fenômeno, de proporções catastróficas, resultou na morte de seis pessoas, deixou mais de mil desalojados e exigiu 780 atendimentos médicos nas unidades de saúde da região. Após o pânico inicial, os moradores agora começam o doloroso retorno ao que restou de seus lares, onde frequentemente não encontram suas casas, mas sim montanhas de entulho retorcido pela força implacável da natureza.

O processo de reconstrução já começou, com os próprios residentes iniciando a penosa tarefa de remover os escombros antes de poderem recomeçar suas vidas do zero. Um morador, em condição anônima, expressou o sentimento coletivo de desamparo: "Ninguém estava preparado para algo assim, ninguém tem dinheiro guardado para esse tipo de situação". Apesar da tragédia, ele destacou um aspecto positivo: "Aquece o coração saber que as pessoas estão preocupadas e solidárias nesse momento tão difícil", referindo-se ao apoio recebido.

A dimensão do desastre representa um marco histórico para a meteorologia brasileira. Embora tornados não sejam completamente inéditos no país, nunca haviam sido registrados com tal intensidade e poder destrutivo. As cenas de devastação completa lembravam mais documentários sobre catástrofes na América do Norte do que a realidade brasileira, causando impacto nacional. O trauma coletivo foi marcado por um velório comunitário, que reuniu a população em luto para uma despedida coletiva das vítimas.

Em resposta à emergência, o governo do Paraná anunciou a liberação inicial de R$ 50 milhões do Fundo Estadual de Calamidade Pública (Fecap). O anúncio foi feito pelo secretário estadual de Segurança Pública, Hudson Teixeira, que detalhou que, inicialmente, cada família receberá R$ 50 mil para a reconstrução de suas moradias. Esta medida representa o primeiro passo concreto para a recuperação do município, ainda que especialistas alertem que o valor total necessário para restaurar completamente a cidade deve ser muito superior.

A tragédia de Rio Bonito do Iguaçu levanta questões importantes sobre a preparação do Brasil para eventos climáticos extremos, que tendem a se tornar mais frequentes com as mudanças climáticas globais. A solidariedade nacional começa a se organizar, com campanhas de doações e voluntários se mobilizando para apoiar os afetados. Enquanto isso, os moradores demonstram resiliência diante da adversidade, unindo-se não apenas para reconstruir estruturas físicas, mas também para restaurar o tecido social de uma comunidade que perdeu tanto em poucos minutos.

Por: João Bosco