POR CULPA DOS ÁRBITROS A ESSÊNCIA DO FUTEBOL BRASILEIRO ESTÁ SENDO JOGADA NA LATA DO LIXO
- jbcomunicacoes100
- 6 de out.
- 2 min de leitura

A emoção de assistir a uma grande partida de futebol no Brasil é, com frequência, ofuscada pelas péssimas atuações da arbitragem. O espetáculo, que deveria ser celebrado pela técnica e pela paixão inerentes ao esporte, acaba sendo sequestrado por uma sucessão de decisões polêmicas que deixam torcedores e clubes em estado de frustração. Esse cenário recorrente não apenas mancha o espetáculo, mas também levanta questões fundamentais sobre a qualidade e a preparação dos profissionais encarregados de zelar pelo cumprimento das regras do jogo, transformando o prazer em pura apreensão.

Um exemplo recente e emblemático ocorreu no jogo entre Flamengo e Cruzeiro, realizado na quinta-feira (2), marcado pela atuação controversa do árbitro Ramon Abatti Abel. Apesar das inúmeras críticas recebidas, a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) escalou o mesmo profissional para um clássico de igual ou maior magnitude: São Paulo x Palmeiras. Inacreditavelmente, o mesmo tipo de erro cometido no confronto anterior foi repetido no clássico paulista, após o São Paulo estar vencendo por 2 a 0. Torcedores, diretores, comissões técnicas e o país inteiro ficaram boquiabertos com as atitudes do árbitro e, especialmente, do VAR, comandado por Ilbert Estevam da Silva. A própria escalagem de um árbitro paulista para o VAR em um clássico estadual já configura uma disparidade gritante, que poderia ser evitada com um mínimo de bom senso.

Esse tipo de postura, infelizmente, não é um caso isolado, mas sim um sintoma de um problema estrutural que ofusca o futebol brasileiro. No momento atual, diversos clubes têm se manifestado publicamente contra os erros recorrentes e uma certa soberania de árbitros que parecem atuar imunes às consequências. A raiz do problema parece residir na falta de um plano de carreira sólido e de um programa contínuo de desenvolvimento para orientar a arbitragem nacional, que se encontra em um estado de verdadeiro caos. Essa instabilidade joga na lata do lixo os altos investimentos realizados pelos clubes, cujos planejamentos e aspirações podem ser definidos por um único lance mal interpretado.

A revolta não se limita às diretorias; ela ecoa no campo. Técnicos e jogadores já não suportam o que consideram hipocrisia, especialmente quando, além de não marcarem lances claros, alguns árbitros parecem menosprezar as reclamações com atitudes de deboche. O técnico do São Paulo, Hernán Crespo, foi categórico ao afirmar que, em 50 anos de futebol, nunca tinha visto algo tão vergonhoso. Sua declaração ressoa profundamente, pois atitudes como as de Abel e a ineficiência do VAR em corrigi-las minam a credibilidade da competição e do esporte como um todo.

Diante desse quadro, torna-se urgente uma mudança de atitude por parte da CBF. Não basta apenas afastar os árbitros por uma ou duas rodadas; é necessária uma medida mais enérgica e pedagógica. Um afastamento por um período considerável, como um ano, associado à obrigatoriedade de retornar à sala de aula para um processo sério de reciclagem, poderia ser um caminho. O objetivo deve ser desconstruir a aura de pseudo-soberania que alguns parecem carregar e reinseri-los em um ambiente de aprendizado e humildade, lembrando que sua função é zelar pelo jogo, e não se colocar como seu protagonista. Somente com uma reformulação profunda na gestão da arbitragem o futebol.
Por: João Bosco
Foto: César Greco










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