O Emaranhado do Descaso: a crise dos fios que assola Varginha
- jbcomunicacoes100
- 17 de nov.
- 2 min de leitura

A raiz do problema está na prática irresponsável das empresas de telecomunicações e internet, que, aproveitando-se da falta de fiscalização rigorosa, negligenciam a retirada de sua infraestrutura obsoleta. Cabos rompidos e pendurados, muitos sem qualquer identificação, são deixados para trás, criando um risco constante de acidentes. As fotografias que circulam amplamente nas redes sociais não mentem: elas expõem de forma crua a desorganização e o desprezo dessas empresas pela estética e pelo bem-estar da comunidade.

É importante destacar que o Legislativo municipal já acordou para a gravidade da situação. Em 2020, foi aprovada a Lei nº 6.718, que responsabiliza a Cemig por notificar as concessionárias que utilizam os postes para que realizem a limpeza e a remoção dos cabos inutilizados. No entanto, a lei, por si só, mostrou-se insuficiente. A lentidão na sua aplicação e a aparente falta de consequências para as empresas inadimplentes transformaram uma solução potencial em mais um documento sem efetividade prática, alimentando a frustração da população.

Para romper este ciclo de descaso, medidas práticas e de fácil implementação são necessárias. A obrigatoriedade de identificação clara das empresas—por meio de placas e lacres de cores específicas—é uma delas. Esta simples ação criaria um sistema de transparência, permitindo que qualquer cidadão ou fiscal possa apontar com exatidão o autor da infração. Em um cenário ideal, a prefeitura poderia disponibilizar um canal digital para o envio de fotos e denúncias, tornando a comunidade uma parceira ativa na fiscalização.

Recentemente, uma reunião liderada pelo prefeito Leonardo Ciacci, com a presença de vereadores e representantes da Cemig, reacendeu a esperança de uma ação conjunta. Na ocasião, foi cobrada maior agilidade nas notificações e na retirada dos cabos, com o argumento incontestável de que a segurança pública está em jogo. O risco de curtos-circuitos, incêndios ou que alguém seja atingido por um cabo solto durante uma tempestade é real e iminente. Este movimento do Executivo é um passo vital, mas que precisa ser rapidamente convertido em resultados tangíveis.

Para além dos riscos imediatos, é crucial enxergar o impacto econômico silencioso dessa poluição visual. Comércios perdem valor, o turismo é prejudicado e a cidade projeta uma imagem de desorganização que afasta investimentos. Uma cidade cuidada é uma cidade que prospera; uma cidade abandonada à própria sorte, definha. A ordenação dos fios é, portanto, não uma mera questão cosmética, mas um investimento no desenvolvimento socioeconômico de Varginha.

Diante deste quadro, fica claro que a solução exigirá uma pressão constante e coordenada. A Cemig deve cumprir seu papel de fiscal e notificar com rigor. As concessionárias de telecomunicações precisam ser cobradas judicial e financeiramente, com multas pesadas que tornem a negligência mais custosa que o cumprimento da lei. E o cidadão, protagonista dessa história, deve continuar usando sua voz para cobrar das autoridades. Só com essa tríade em ação será possível cortar, de uma vez por todas, os fios do descaso e tecer uma Varginha mais segura, organizada e digna para todos.
Por: João Bosco










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