O BRASIL DAS RECORRÊNCIAS NÃO TEM RECURSOS PARA MELHORIAS FUTURAS

Dos 53 deputados federais do estado de Minas Gerais, 23 declararam-se a favor da anistia, 15 permanecem em cima do muro e outros 15 são definitivamente contra o processo. Essa divisão reflete não apenas o cenário nacional, mas também a complexidade e as ramificações do tema, que divide opiniões dentro de todos os espectros ideológicos. A fragmentação do bloco mineiro demonstra a falta de um consenso mesmo dentro das próprias bancadas partidárias, tornando o resultado final ainda mais imprevisível e sujeito a intensas negociações.

A anistia é cobrada com veemência pela oposição no Congresso Nacional, enquanto, no Supremo Tribunal Federal, aguardam o desfecho do julgamento o ex-presidente Jair Bolsonaro e mais sete réus. O governo, por sua vez, articula uma batalha silenciosa contra a oposição, que parece não ter fim. No cerne dessa disputa, reside um problema mais profundo: fruto do despreparo político e da péssima opção de voto de um eleitorado que, por vezes, é levado a eleger pessoas despreparadas e sem discernimento para o cargo. A briga ideológica entre esquerda e direita, incapaz de ser resolvida no plenário, migra para os tribunais, seja por recorrência de uns, seja pela incapacidade de negociação de outros e pela inépcia do Congresso em mediar seus próprios conflitos. Diante disso, a nação permanece à mercê de uma instabilidade que a distância de um projeto de país sério e politicamente competente.

O aumento dos casos de corrupção é outro fator intimamente ligado a essas práticas políticas, com escândalos que surgem diariamente em diversos setores, frequentemente envolvendo partidos da base governista. Tais grupos, por sua vez, lançam mão de estratégias para desnortear os fatos e criar cortinas de fumaça em defesa de seus pupilos, corroendo ainda mais a confiança pública. Esse ambiente de impunidade e de obscurantismo fortalece a percepção de que a máquina pública é usada para fins particulares, aprofundando o cinismo da população em relação à classe política como um todo.

Portanto, a conjuntura atual aponta para uma crise multidimensional, que envolve os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário em um impasse de difícil resolução. A solução exigiria não apenas uma reforma política profunda, mas também um amadurecimento democrático por parte de toda a sociedade. Enquanto o curto-prazo e a luta pelo poder prevalecerem sobre o interesse nacional, o Brasil continuará patinando em seus graves problemas estruturais, sem conseguir canalizar seus enormes potenciais para o desenvolvimento e o bem-estar coletivo.

Por: João Bosco

Foto: Wikipédia